sexta-feira, setembro 5

Rio Negro pode passar por pior seca da história ainda esta semana

O Rio Negro registra a marca de 13,19 metros nesta segunda-feira (30), ultrapassando a seca de 2010 quando o rio que banha a capital amazonense chegou a 13,63 metros.

Comparado com o ano passado quando o Rio Negro chegou à cota de 12,70 metros o rio está a 49 centímetros para alcançar o recorde em 120 anos.

De acordo com o Serviço Geológico do Brasil a previsão é que em 2024 a seca do Negro supere a de 2023.

O rio tem descido em média 19 centímetros por dia. Desta forma, a previsão é que  em cerca de quatro dias Manaus alcançará a pior seca de todos os tempos.

 O Rio Negro é o maior rio em extensão na Bacia Amazônica, sendo um dos maiores rios do mundo em volume de água.

A estiagem no Amazonas afeta mais de meio milhão de pessoas, com cerca de 140.300 famílias prejudicadas de alguma forma pela descida das águas. Todos os municípios do estado estão em situação de emergência.

A ministra do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, Marina Silva, afirmou, nesta segunda-feira (30), que ações tomadas pelo governo federal desde janeiro de 2023 evitaram um quadro ainda pior em relação à seca e às queimadas. A ministra participou de seminário do G20 que discutiu investimentos financeiros na conservação ambiental, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

Entre as ações tomadas pelo governo estão o aumento das equipes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ampliação de recursos orçamentários para o meio ambiente, o combate ao desmatamento e a articulação com governos estaduais e municipais.

“O desmatamento estava crescendo, quando o presidente Lula assumiu o governo, em 80%. Não só nós paramos essa ascendência, como conseguimos empurrá-lo para baixo. Não só na Amazônia como agora no Cerrado, onde o desmatamento está caindo há cinco meses”, disse a ministra.

“Isso faz com que a gente tenha uma situação que não esteja incomparavelmente pior do que estaria se tivesse a ‘boiada’ passando”, completou, em alusão a fala do titular da pasta do governo Bolsonaro, Ricardo Salles.

Segundo Marina, as situações de seca e de queimadas que se espalham pelo país, mostram que é preciso ampliar e reforçar as ações governamentais em relação ao enfrentamento da emergência climática. “Não só na gestão do desastre, mas a gestão do risco a partir do princípio da precaução”.

A ministra destacou ainda que a Polícia Federal abriu mais de 80 inquéritos para investigar casos de queimada criminosa.

Sobre a exploração d petróleo na foz do Rio Amazonas, Marina voltou a falar que as licenças ambientais estão sendo tratadas de forma técnica. “A área técnica tem o seu tempo necessário para fazer a análise. No tempo adequado, eles fazem suas manifestações em bases técnicas; É assim que ocorre em um governo republicano”.

Sobre a Autoridade de Emergência Climática, a ministra explicou que o governo ainda trabalha no desenho institucional do órgão.

Dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), já colocam 2024 como um dos anos com maior quantidade de focos de queimada na última década. Setembro já contabilizou mais de 80 mil focos, cerca de 30% acima da média histórica, registrada desde 1998 pelo Inpe. Mesmo que a quantidade de focos não extrapole as médias históricas nos últimos três meses do ano, 2024 terá o maior número de focos desde 2010, quando o Brasil teve 319.383 registros.

Os dados indicam que essa média pode ser superada, pois o mês de setembro teve aumento de 311%, passando de 18 mil focos em 2023 para 75 mil em 2024.

Centro-Oeste puxa altas 

O levantamento do Inpe indica aumento consistente nos focos em todas as regiões do país, em relação a 2023, com destaque para o Centro-Oeste, que teve três unidades com mais aumentos neste ano: Mato Grosso do Sul, com 601% e 11.990 focos em 2024; o Distrito Federal, com 269%, ainda que com apenas 318 focos; e Mato Grosso, 217%, com 45 mil focos, tornando-se o estado com o maior número no país neste ano, ultrapassando o Pará. Os números em Mato Grosso são mais fortes em setembro, quando foi responsável até agora por 23,8% dos focos do país ou 19.439 registros. O Pará também teve grande quantidade de queimadas no mês: 17.297 focos, ou 21,2% de todos os registros.

Completam o ranking dos maiores aumentos dois estados do Sudeste, com números totais de queimadas menos representativos, porém com grande aumento: São Paulo e o Rio de Janeiro. O aumento para os paulistas foi de 428% em setembro, com 7855 focos ativos. No Rio, foi de 184%, ou 1074 focos.

Em São Paulo, grande parte dos focos esteve concentrada em setembro, quando o estado registrou 2.445 focos ativos, 3% das ocorrências em todo o território nacional. Nas últimas 48 horas, o estado registrou 65 focos ativos, de acordo com  o Inpe. A Defesa Civil estadual informou que quatro municípios registraram focos nesse domingo (29), entre eles Luiz Antônio, na região de Ribeirão Preto, onde o combate se concentra na Estação Ecológica do Jataí. Somente lá atuam 133 agentes, entre defesa civil, bombeiros, brigadistas e voluntários. São 42 veículos, entre caminhões pipa, tratores e camionetes 4×4. Usinas da região uniram-se à força-tarefa enviando brigadistas e veículos de apoio. Seis aeronaves, sendo quatro aviões e dois helicópteros, também foram mobilizados nessa frente. 

Desde o começo das medições, o país teve mais de 300 mil focos apenas em seis anos: 2002, 2003, 2004, 2005, 2007 e 2010. Neste ano de 2024 caminha para a volta dessa marca. Com seus 208 mil focos registrados, está atrás somente dos totais de 2020, com 222.797 focos, e 2015, com 216.778, considerando apenas os últimos dez anos.

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